segunda-feira, 14 de abril de 2008

Cuidado com a Pressão

Terra Magazine - Por que existe tanta resistência ao uso regular e correto da medicação anti-hipertensiva?Renato Accioly - Essa é de fato uma questão constante na medicina. Pra se ter uma idéia, somente 50%, ou até menos, dos pacientes fazem uso da medicação corretamente. Primeiro porque a hipertensão é uma doença assintomática (se instala sem dar sinais de sua presença e pode permanecer nesse estado por anos). Assim, é preciso que o indivíduo seja muito consciente e educado em relação ao seu corpo e a sua saúde, para em um primeiro momento estar atento para a possibilidade de ter esse problema e, se o tiver, fazer o acompanhamento e aderir a um tratamento devidamente.
A segunda questão para o mau uso dos anti-hipertensivos está relacionada ao custo dessa medicação. Mesmo que o sujeito seja rico, ele às vezes pensa que pode estar gastando dinheiro inutilmente, já que não tem a certeza de que tem a doença. É muito comum ver uma pessoa tomar o remédio enquanto se sente mal e depois, por estar se sentindo bem, deixar de tomar. Nesses momentos ele questiona se realmente tem hipertensão e interrompe o tratamento. Acontece que esse indivíduo só está se sentindo bem por causa do remédio. Deixando de tomar, vai novamente se sentir mal ou ter um problema mais grave. No caso dos mais pobres, ao invés de questionar o custo, ele questiona se vale a pena ir no posto, pegar fila para ser atendido e ter a requisição, ou ter que correr mais de um posto de distribuição atrás daquela medicação.
Outro problema é o mito da impotência sexual. Hoje em dia, esse não é mais um efeito colateral real. Nos remédios antigos era real, mas, com as medicações novas, são pouquíssimos os casos em que observamos esse tipo de efeito adverso. O pior é que, na maioria das bulas de anti-hipertensivos, ainda consta a impotência como um possível efeito colateral. Com isso, o sujeito acaba manifestando o problema, não por causa da medicação, mas pelo medo. O medo faz muito mais disfunção do que a droga.
Tudo isso tem a ver com a falta de educação, com a falta de convencimento do paciente pelo médico de que ele deve estar tomando o remédio sempre, de que ele deve preservar a sua saúde a médio e longo prazo.
Você atribui essa falha ao médico ou ao paciente?Aos dois. O médico muitas vezes atende muitos pacientes e não pode dar a devida assistência ao hipertenso. Uma consulta para tratamento de hipertensão deveria durar no mínimo meia hora, mas, com essa política de atendimento em massa de certa forma imposta pelos convênios, o médico não tem tempo. Aí acontece o que chamamos de "Health Gap": os médicos sabem tudo de hipertensão, os pacientes também, mas há falta de convencimento do médico para o paciente, falta de tempo na consulta e também inabilidade de comunicação.

Achou interessante visite o site e saiba mais:http://terramagazine.terra.com.br/interna/0,,OI1765948-EI6582,00.html

Um comentário:

Patrícia Valim Presotto disse...

O cuidado com a pressão deve ser diário,pois atualmente há uma grande incidência de hipertensão arterial.Infelizmente há médicos que não dão uma assistência desejável ao paciente,porém não é por esse motivo que deve deixar de se prevenir e de ler a bula de qualquer medicamento antes de
tomá-lo.Assim,o paciente
estará ciente dos efeitos colaterais que poderão surgir e poderá decidir se irá ingeri-lo ou não.Se a dúvida persistir,deve procurar novamente por uma orientação médica.